Caçadas Alecrim da Fórnea

Um espaço de imagens de momentos de caça, textos de opinião, histórias, espécies cinegéticas, legislação, armas e munições de caça, cães e culinária, resultantes de experiências e vivências pessoais, que aqui são relatadas para partilhar e mais tarde recordar.

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quarta-feira, 27 de março de 2013

PERDIZ FRITA NA CAÇAROLA

Victor Pires regressa ao "Alecrim da Fornea" com mais uma receita, desta vez não de sua autoria, mas da sua tia Esmeralda Lopes.




PERDIZ FRITA NA CAÇAROLA

Ingredientes:
  • 2 perdizes;
  • 1 generosa cabeça de alho;
  • 2 folhas de louro;
  • Pimenta;
  • 2 dl de azeite;
  • 1,5 dl de vinho palheto caseiro (preferencial) ou branco seco;
  • 1 malagueta;
  • Sal grosso.
Preparação da perdiz:
  • Depenam-se as perdizes, chamuscam-se e lavam-se para libertar os resíduos do chamusco.
  • Abrem-se ao meio pelo peito e tentam-se limpar por dentro com o menor recurso a água possível, para conservar o seu pouco sangue. Isto é possível quando as Rainhas da Caça, após serem cobradas, com o auxilio de um pau de esteva (!) lhe são retiradas as tripas inteiras pelo ânus (1) e quando as vísceras não são danificadas pela chumbada.
  • Cortam-se em oitavos, salgam-se bem dos dois lados, polvilham-se com pimenta a gosto, pica-se os dentes de alho grosseiramente e junta-se com o louro (sem caule interior) e o vinho às nossas Rainhas. Mexe-se para tornar a marinada uniforme.
  • De seguida passa-se um fio de azeite na marinada e volta-se a misturar. Reservar pelo menos uma duas horas para absorver bem estes temperos e parte do seu sangue se diluir no vinho. O azeite como vem sempre ao de cima (!), ajuda a selar a marinada e a preservar todos os sabores originais. 
Preparação da fritura:
  • Num tacho de barro com tampa, deita-se azeite e junta-se os pedaços das perdizes previamente escorridos da marinada e dos seus sólidos. Reserva-se a marinada.
  • Tapa-se bem o tacho para se perder o mínimo de vapores e deixam-se fritar em lume brando para que "cozam" lentamente no azeite. Voltar os pedaços com regularidade.
  • Dependendo de se tratar de perdizes velhas ou de um ano, de perdigões ou de perdizes fêmeas  esta fritura inicial durará em média 1 hora.
  • Quando estiverem loirinhas e já se apresentarem uma textura suave, começando a deixar espetar o garfo, separa-se o louro e os alhos da marinada e junta-se às perdizes, bem como a malagueta. Reserva-se o vinho da marinada.
  • Quando os alhos começarem a alourar junta-se o vinho da marinada, deixando-se fritar até apurar, mas de modo a que o vinho não evapore na totalidade e se queime todos os seus sucos.
Serve-se como petisco ou entrada, com um bom pão caseiro ou alentejano e acompanhada com um bom vinho tinto.

Esta é a receita da minha Tia Esmeralda Lopes, que de forma paciente continua a fazer deste prato um ritual. Afirma, insistentemente  que o segredo de uma perdiz...é ser brava, ser confeccionada com um bom azeite caseiro, um bom vinho da terra (palheto), uns bons e suculentos alhos caseiros e...muita paciência!

Experimentem...garantidamente um manjar de Reis  pois os ingredientes e modo de confecção, realçam todo o sabor genuíno e único...das Rainhas da Caça!!!

E nunca esquecer que a Caça não é desporto...é paixão!

Victor Pires



Nota:
(1) Antigo método usado pelos caçadores rurais para conservar e preservar a qualidade da carne, colmatando assim a inexistência de refrigeradores.